quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

CULTURA EM EVIDÊNCIA


A área cultural no município de Rio Branco nunca esteve tão em evidência como nos últimos anos, mas este é um processo que vem se desencadeando há muito tempo. Primeiro é importante ressaltar que a capital acreana é um lugar onde a cultura, em seus diversos setores, sempre foi manifestada, seja através do teatro, música, literatura, artes plásticas entre outras expressões culturais. No entanto, a atenção e o apoio dispensado a esta área, pelos governantes, era o mínimo possível. A cultura não ficava em segundo plano, mas em último.

Há alguns anos os atores culturais vinham reivindicando, como cidadãos culturais, seus direitos perante os governos. Através da união de alguns grupos organizados, em 2005, foi dado o ponta pé inicial para uma longa jornada de discussões, reivindicações e formação de leis que beneficiasse a cultura local; em 2007, como resultado do 1º Fórum Municipal de Cultura, a Câmara Municipal de Rio Branco aprovou a Lei Nº. 1.676, de 20 de novembro de 2007, sancionada pelo prefeito Raimundo Angelim.

No Capitulo I do Sistema Municipal de Cultura – SMC – Art.1º - visa proporcionar efetivas condições para o exercício da cidadania cultural a todos os rio-branquenses, estabelece novos mecanismo de gestão pública das políticas culturais e cria instâncias de efetiva participação de todos os seguimentos sociais atuantes no meio cultural, compreendido em seu sentido mais amplo.

Este Artigo é uma excelência para o SMC, pois através dele desdobra-se o processo de atuação dos vários segmentos culturais, com a participação da sociedade rio-branquense, por meio de câmaras temáticas. Em março de 2008, a Fundação Garibaldi Brasil – FGB iniciou o processo de implantação de novos instrumentos institucionais, como Conselho Municipal de Políticas Culturais – CMPC, Cadastro Cultural do Município de Rio Branco – CCM, Fundo Municipal de Cultural – FMC, Lei Municipal de Patrimônio Cultural, para que posteriormente seja elaborado o Plano Plurianual da Cultura Municipal – PPA, inseridos no Artigo 1º do SMC.

Destaco estes fragmentos da lei com o intuito de tornar este artigo mais esclarecedor quanto ao processo que iniciei através de reuniões das câmaras temáticas, das quais sou cadastrada como conselheira nos segmentos de Arte: na área de literatura, e Patrimônio Cultural: nas áreas de jornalismo e culturas ayhuasqueiras. Entendo que estamos engatinhando dentro deste processo, até mesmo pelo fato de que a questão cultural ainda é obscura em meio a nossa sociedade; ou seja, geralmente entende de cultura quem é da área, e mesmo aqueles que desenvolvem algum tipo de cultura não têm o esclarecimento apropriado para uma atuação mais efetiva.

Observo a participação da sociedade bastante tímida e creio que isto seja uma questão de educação, falta de informação e conhecimento. Para melhor atuação de todos estão sendo realizadas as reuniões das câmaras temáticas, com a finalidade de uma maior interação dentro do processo cultural e reivindicações de prioridades; e entre outubro a novembro de 2008 foram realizadas cinco oficinas culturais nas áreas de gestão, comunicação, economia, patrimônio, e, direito e cidadania, visando o conhecimento necessário na elaboração do nosso Plano Municipal de Cultura, que deverá ser formado por nós, os cidadãos culturais.

Porém, a participação dos atores culturais ainda deixou a desejar, assim como a interação nas câmaras temáticas. Observo pouco interesse dos cidadãos, mesmo de alguns que fazem arte e trabalham com a cultura local. O que dizer deste fato? Digo eu: se não nos inteirarmos, nossas reivindicações poderão ficar de fora; isso é apenas o começo de um longo processo evolutivo, creio que a participação de todos é imprescindível. À cultura está em evidência, é hora de participar, pois a luta por nossas conquistas já começou!


Revista Cultural "Outros Mozaicos da Cidade Nascente", publicada pela Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil - FGB, em 28 de dezembro de 2008. Rio Branco - Acre.

Nenhum comentário: