sexta-feira, 21 de novembro de 2008

As Pastorinhas e As Cirandas do Segundo Distrito



As Pastorinhas

Através de um resgate histórico, mulheres do Segundo Distrito reavivam folclore de antigamente. Trata-se de “As Pastorinhas” ou “O Pastoril” que chegou ao Acre por meio dos nordestinos, e foi nos anos 50 que este tradicional folclore se apresentou pela primeira vez em Rio Branco, precisamente no Bairro 15.


Em maio de 2006, por meio de uma reunião da Associação das Mulheres do Segundo Distrito, mesmo sem recursos para custear o figurino, as associadas resolveram sob a orientação da professora Ercília Gadelha, resgatar o folclore das Pastorinhas. Com o apoio da Fundação Garibaldi Brasil – FGB, na pessoa do historiador Marcos Vinícius, presidente da FGB, os tecidos foram comprados e a confecção das roupas realizada por costureiras colaboradoras ou associadas, além de terem conseguido uma coreógrafa voluntária.


O Pastoril é uma recriação brasileira dos autos vindos da Península Ibérica, trazidos pelos portugueses durante a colonização, descreve a viagem das pastoras à Belém da Judéia, suas canções recebem o nome de Jornadas. As Pastoras formam dois cordões, representados pelas cores Encarnada e Azul. O Cordão encarnado é liderado pela Mestra, o Azul pela Contra Mestra e a Diana, figura Central, pertence aos dois cordões. Durante a viagem à Belém, encontram diversos personagens como o anjo, a Borboleta, a Cigana e a Camponesa, que apesar de se inserirem nos cordões, não se vinculam a nenhum deles na coreografia.


Em 2007 e 2008, o grupo das Pastorinhas do Segundo Distrito que é coordenado pela professora Guajarina, foi contemplado pelos projetos da Lei de Incentivo a Cultura do Estado e do Município, por meio da Fundação Elias Mansour – FEM e Fundação Garibaldi Brasil – FGB; em outubro deste ano ganhou Prêmio Folclórico do Ministério da Cultura - MINC. Hoje o grupo é formado por aproximadamente 40 meninas entre 07 a 13 anos de idade, em sua maioria, moradoras do Bairro Seis de Agosto e elas não se apresentam somente em épocas natalinas, mas durante todo o ano em diversos eventos da cidade de Rio Branco.


Segundo a professora Guajarina o resgate prova que mesmo com o passar dos anos algumas culturas adormecem e deixam de ser vivenciadas, mas na memória social estão vivas, e embora timidamente, As Pastorinhas renascem na capital acreana, sobrevivendo a todo processo de massificação da cultura, pelo espírito de religiosidade e inocência que são a essência e as formas dessa expressão dramática.

As Cirandas

O sucesso do tradicional folclore das Pastorinhas tem chamado atenção de todos que assistem suas apresentações, dessa forma, a Fundação Garibaldi Brasil abriu inscrições na Casa de Cultura Neném Sombra, inaugurada dia 27 de outubro de 2008, localizada no Bairro 15, para que fosse formado o grupo das Pastorinhas do Bairro 15.


A novidade atraiu várias crianças do bairro, que se inscreveram para participar do novo grupo. No entanto, a professora Guajarina sugeriu, em reunião com as participantes, que no lugar de ser constituído um outro grupo das pastorinhas, fosse formado “As Cirandas de Roda”, a proposta foi aceita por unanimidade pelas novas componentes que já estão em processo de ensaios na Casa de Cultura.


A Ciranda é uma manifestação folclórica que se expressa por meio de um conjunto de cantigas de roda, muito conhecida como brincadeira infantil, mas que também é coisa de adulto, originária da Espanha e Portugal. Chegou ao Brasil no século passado e propagou-se pelos estados do Nordeste e Norte, adquirindo diferentes características, conforme os lugares por onde passou, mas sem perder o elo com suas raízes.


Uma dança contagiante, onde os cirandeiros e as cirandeiras dançam numa grande roda girando em sentido anti-horário, tendo o mestre cirandeiro, ao meio, como figura principal. De mãos dadas, os participantes mesclam passos simples com o movimento das mãos, cantando cirandas e declamando meigos versos.


A professora Guajarina ressalta: “este trabalho tem o objetivo de despertar na criança a valorização da cultura, os saberes dos nossos antepassados, através da alegria e gosto pelas brincadeiras infantis; e também, levar ao público espetáculos contagiantes e inocentes, onde jovens dançam e cantam, procurando transmitir o lado encantador que estar a habitar em cada criança. São festivos Teatros Populares cheios de ensinamentos de amor e respeito, que se apresentam através dos tempos, com modificações ou inovações, mas com a característica peculiar de músicas alegres e cheias de ternura.”

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

RIO BRANCO E SUA BELEZA NATURAL

Minha terra tem um patrimônio histórico e natural admirável. Rio Branco é dona de um monumento chamado natureza.

Rio Branco, capital do Acre, tem uma beleza especial! Uma região rodeada de verde com um rio que corta a cidade e segue seu percurso por entre as matas. Poucos quilômetros apenas são necessários para sair da cidade e contemplar a beleza de uma floreta encantadora. Matas que se destacam em uma região que pertence a Amazônia, tão viva floresta chamada o coração do mundo.

Sobre as veias desse coração correm rios e surgem cidades. Rio Branco é uma das mais jovens capitais da Amazônia, que nasceu às margens do rio Acre, no pulsar de um coração que estava sendo descoberto, com suas ricas seringueiras, que muito rendeu riquezas, não só para o Brasil, mas para o mundo.

A cidade tem uma história de lutas e conquistas. Apesar de sua transformação construída no decorrer de pouco mais que um século, Rio Branco não perdeu sua característica marcante que é a beleza natural de suas florestas. Beleza contemplada através de retratos vivos da criação divina; são admiráveis paisagens, rios, lagos, árvores de destaque, a simplicidade das porteiras de pequenas colocações rurais e o verde campo de algumas fazendas. Um retrato muito simples da região.

Sobre o rio Acre, duas antigas pontes, e uma terceira recém construída com o nome de Passarela Joaquim Macedo, somente para pedestres. A paisagem do rio é esplendida, com os poucos e pequenos barcos as suas margens.

Antigas ruas da cidade foram reformadas, porém sem nenhuma modificação em sua arquitetura de casarões portugueses e libaneses. A grande árvore chamada Gameleira, as margens do rio, tombada pelo patrimônio histórico do Estado do Acre, representa o marco zero de fundação da cidade e testemunha da Revolução Acreana, pois o Acre lutou para ser brasileiro e isto aconteceu através de uma batalha contra os bolivianos, mas isso é outra história e não há pretensão de descrevê-la neste artigo.

Outra característica bastante singular é a bandeira acreana hasteada no Calçadão onde fica a Gameleira, erguida em um céu azul, com brancas nuvens, retrato de um dia ensolarado. A população acreana tem uma herança de miscigenação de raças de negros, índios, turcos e portugueses, constituindo uma sociedade muito tradicional em sua cultura. O sentimento de ser acreano é um orgulho, principalmente, para aqueles que conhecem a história desta terra.

Entre a população encontram-se rostos marcados pelo tempo, simples, humildes e devotos, que contam histórias daquela antiga cidade, terra de seringa e de seringueiros. Os parques espalhados em meio à cidade constituem um espaço de encanto pela presença das crianças a brincar em seus embalos de balanço, seus sorrisos demonstram um sentimento de liberdade e alegria.

Para retratar Rio Branco em sua característica peculiar de seu resgate histórico e paisagem natural, em cada detalhe, seria necessário escrever um livro, pois existem histórias admiráveis e muitos lugares belos e interessantes apreciáveis, todos possuem o charme rústico de uma pequena, aconchegante, jovem e hospitaleira cidade, dona de um monumento chamado natureza.